São Paulo – A Amino, indústria química brasileira especializada em poliuretanos, leva adiante estratégia ambiciosa de expansão ao exterior e já vem colhendo resultados da investida em direção aos países árabes, que estão incluídos no plano e são cogitados como local de instalação de futura unidade da empresa.
Contrato fechado com distribuidor na Arábia Saudita, negociação em andamento com distribuidor no Egito e o recebimento de um primeiro pedido dos Emirados Árabes Unidos, além de outros em conversas, estão entre os os mais recentes da empresa no mundo árabe, de acordo com entrevista concedida à ANBA por escrito pelo fundador e CEO da Amino, Carlos Roberto da Silva.
Os avanços são resultados de viagem realizada pela empresa no final de abril aos três países citados acima, com apoio da Câmara de Comércio Árabe Brasileira e na qual o CEO participou com o especialista técnico em Aplicações de Poliuretano da companhia, Lindolpho Neto, acompanhados de profissionais da Câmara Árabe.
No mercado desde 1985, a Amino nasceu com o propósito de ser uma referência em inovação e desenvolvimento de especialidades químicas para a cadeia do poliuretano. Com planta que segue o modelo da indústria 4.0, certificada com ISO 9001, trabalhando com rastreabilidade e localizada em Diadema, município do estado de São Paulo, a empresa tem capacidade para 2 mil toneladas mês.
A companhia funciona sob três divisões de negócios. Uma delas é Aditivos, de onde saem catalisadores, silicones, pigmentos e aditivos de performance; a outra é de Sistemas, com formulações de poliuretano prontas como espumas flexíveis, espuma HR, hiper soft, viscoelástica, microcelular, rígida e semirrígida; e a terceira é Case, onde são produzidos coatings, adesivos, selantes e elastômeros.
A internacionalização é um dos pilares centrais da estratégia de crescimento da Amino
Carlos Roberto da Silva
Os produtos têm diferentes aplicações industriais em áreas como a automotiva, para a qual a empresa fornece, entre outros, materiais para a fabricação de espumas para peças de automóveis como assentos, carpetes e painéis. Seguindo a lógica de oferecer soluções em poliuretano, os produtos vão ainda para o setor de flexíveis – móveis e colchões -, construção civil, refrigeração e calçadista.
Carlos Roberto relata que em todo o seu ciclo de vida a Amino trabalhou com exportação, mas atendia demandas espontâneas de clientes. A partir de 2021 adotou uma estratégia para o mercado externo. “Reconhecendo o potencial de expansão internacional e a necessidade de diversificação de mercados, a empresa deu início a um processo de internacionalização ativo e planejado”, explica o empresário.
A decisão incluiu definição de mercados prioritários, investimento em campanhas e marketing, inteligência artificial, adequações regulatórias, participação em feiras internacionais e aproximação com câmaras de comércio. Dentro desse foco, no começo deste ano a empresa se tornou associada da Câmara de Comércio Árabe Brasileira. “Hoje, a internacionalização é um dos pilares centrais da estratégia de crescimento da Amino para os próximos anos”, diz Carlos Roberto.
Atualmente, a indústria tem presença ativa em toda a América do Sul, faz vendas pontuais para América Central e do Norte, e está em expansão para Europa, Norte da África e Oriente Médio. Os mercados de destaque no exterior são Arábia Saudita, Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Egito, Emirados Árabes Unidos, Equador, Líbia, México, Paraguai, Peru, Romênia, Uruguai e Venezuela, de acordo com as informações de Carlos Roberto.
O CEO da companhia vê a demanda em crescimento especialmente na América Latina e no Oriente Médio. “Na América Latina, há um aumento na procura por espumas flexíveis, impulsionado pelos setores moveleiro e automotivo. Já no Oriente Médio, especialmente em países como Emirados Árabes e Arábia Saudita, o setor da construção civil tem gerado forte demanda, impulsionada por grandes projetos de infraestrutura e urbanização” diz.
Nosso diferencial está na capacidade de customizar soluções
Carlos Roberto da Silva
A Amino começou a estruturar a atuação comercial para os países árabes em 2023, quando participou da feira UTECH Middle East, em Dubai, e iniciou contatos. “Nossa primeira venda efetiva para a região ocorreu em 2024 para o Egito”, diz o CEO. O caminho trilhado foi construir relacionamentos na região, adaptar a abordagem comercial, estudar regulamentações e cultura, e desenvolver produtos alinhados às demandas locais, para resistência a altas temperaturas.
Hoje a Amino vê os mercados árabes como estratégicos e com alto potencial de expansão para tecnologias em poliuretano, especialmente em espumas flexíveis e em construção civil. “Além disso, muitos países árabes têm intensificado sua agenda ESG (Ambiental Social e de Governança), de eficiência energética e sustentabilidade, o que está totalmente alinhado aos nossos desenvolvimentos em baixa emissão de VOC (Compostos Orgânicos Voláteis), economia circular e produtos com menor pegada de carbono”, diz.
A viagem de abril serviu para validar negócios que vinham sendo desenvolvidos ao longo dos últimos anos. Segundo Carlos Roberto, ela teve caráter institucional e estratégico, não apenas comercial. O grupo teve reuniões com distribuidores, representantes, indústrias de colchões e espumas, empresas de construção e com a Saudi Basic Industries Corporation (Sabic), um dos maiores players mundiais em poliuretano. “A experiência foi extremamente positiva e contribuiu significativamente para o sucesso da viagem”, disse Carlos Roberto, sobre o apoio da Câmara Árabe nesta missão.
Agora está nos planos da Amino realizar missão para outra parte do mundo árabe, o Norte da África, visitando Argélia, Marrocos e Tunísia. “Para fortalecer nossa presença neste mercado com a criação de parcerias locais estratégicas, continuar a participação em feiras internacionais e possível instalação de uma unidade no Oriente Médio a ser definida de forma mais estratégia para atender com mais agilidade a demanda regional”, afirmou Carlos Roberto.
Atendendo aos setores já mencionados, a Amino tem como foco entregar soluções técnicas sob medida para a indústria. “Nosso diferencial está na capacidade de customizar soluções, apoiadas por uma equipe técnica altamente especializada e por uma estrutura fabril preparada para atender o Brasil e o mercado internacional”, diz o fundador, ressaltando a disposição para essa flexibilidade também no atendimento de clientes nos países árabes.
Leia também:
CEO da Sabic mostra mudanças na indústria química
